Davi Raubach
Jan 23, 2021

O chão devolve a luz geometrizada,
não me devolve.

Apoia os pés das crianças,
me empurra,
derruba.

Ergo andaimes,
ato cordas em nós,
tiro plantas de minhas frestas
— não de concreto,
sou de pedra abstrata.

A sola estoura o chão empoeirado,
me assola.

Desvia linhas e insetos
em saltos,
concretos.

Mas eu sou paz desabstrata.

Desato raízes,
não ergo barragens.
Devolvo viva a luz
— sou pele d’água,
não geométrico.

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